Praticamente todas as redes do mundo acabaram de uma forma ou de outra, sendo conectadas entre si e foi essa comunhão de redes que acabou formando o que conhecemos hoje por internet.
O protocolo IP inicialmente conhecido IPv4 possui um esquema de endereçamento parecido com os números de telefone. Assim como qualquer telefone, no mundo todo, é único (considerando o DDD e o código de país), cada computador ligado na internet possui um número único, que é chamado de endereço IP ou número IP. Esse número serve para identificar o computador na internet. Se você precisar conversar com alguém pela internet, basta mandar mensagens endereçadas ao endereço IP do computador da pessoa.
Exemplo envio de e-mail:
Para que o e-mail X do remetente X chegue ao destinatário Y, é preciso que os dados (no caso, o texto do e-mail) sejam divididos em pacotinhos pequenos (chamados de pacotes IP) que possuem marcados dentro de si o endereço IP de origem (ou seja, o número único do computador do destinatário Y) e o IP de destino (o número único do computador do que envio o e-mail X). A internet “gerencia” para encontrar o caminho entre X e Y, sem que nenhum dos dois precise se preocupar com isso.
No entanto, o protocolo IP em sua versão atual (chamada de IPv4) já é bastante antiga e tem muitos problemas.
Os mais graves são falhas de segurança, que periodicamente são descobertas e não têm solução. A maioria dos ataques contra computadores hoje na internet só é possível devido a falhas no protocolo IP. A nova geração do protocolo IP, o IPv6, resolve grande parte dos problemas de segurança da internet hoje, herdados justamente do projeto antiquado do IPv4, mas o IPv4 tem um problema ainda mais premente do que sua inerente insegurança: já esgotou sua capacidade de expansão.
Cada computador ligado à internet – seja um computador pessoal, uma estação de trabalho ou um servidor que hospeda um site – precisa de um endereço único que o identifique na rede. O IPv4 define, entre outras coisas importantes para a comunicação entre computadores, que o número IP tem uma extensão de 32 bits. Com 32 bits, o IPv4 tem disponíveis em teoria cerca de quatro bilhões de endereços IP, mas na prática, o que está realmente disponível é menos da metade disso.
Se contarmos que o planeta tem seis bilhões de habitantes e que cada dispositivo ligado na internet (o que inclui smartphones, PCs, notebooks, tablets e afins) precisa de um número só dele, é fácil perceber que a conta não fecha.
Esse número, sendo finito, um dia acaba.
Por isso, os endereços IP são “travados” geograficamente. Dois endereços próximos estão necessariamente na mesma cidade ou região. Se considerarmos que cerca de três quartos dos endereços IP disponíveis para a internet estão localizados nos Estados Unidos (mesmo que nunca usados), sobram apenas pouco mais de um bilhão de endereços para o resto do mundo – aumentando ainda mais o problema de escassez.
O advento do IPv6, sexta versão do protocolo IP, resolveria todos esses problemas. Primeiro, porque dá fim a praticamente todos os buracos de segurança conhecidos do IPv4, tornando as comunicações muitíssimo mais seguras. O IPv6 provavelmente será uma dor de cabeça sem tamanho para os hackers criminosos.
O IPv6 define 128 bits para endereçamento, e portanto conta com cerca de 3,4 × 10^38 endereços disponíveis (ou 340 seguido de 36 zeros). Para quem não quiser fazer a conta, basta saber que são muitos bilhões de quatrilhões de endereços disponíveis, garantindo que não vai faltar números IP para os humanos por milênios.
Pelo “draft” inicial de um documento proposto pelo IETF – Internet Engineering Task Force, órgão responsável pelo desenvolvimento tecnológico da internet, a migração de IPv4 para IPv6 deveria ter começado em algum momento entre 2009 e 2010, com migração total até o fim de 2011.
A longo prazo, o IPv6 tem como objetivo substituir o IPv4. A previsão atual para a exaustão de todos os endereços IPv4 livres para atribuição a operadores é de Julho de 2011, o que significa que a implantação do IPv6 é inevitável num futuro bastante próximo.